Às vezes (tipo muitas vezes) simplesmente não consigo fazer as coisas, fico conscientemente (o que é pior) procrastinando, me sinto empacada. E eu queria tanto fazer! Ainda mais tendo tantos interesses e habilidades diferentes, imagine só tudo que eu poderia dar vida! Argh, queria umas sete de mim… Ainda é difícil aceitar que não consigo abraçar o mundo. Eu sonho em conquistá-lo, mas como? Por onde começar? E o mais importante: eu sou capaz?
A vontade existe, sempre ardeu em mim, mas… sou boa o suficiente? Tenho mil ideias que não saem da cabeça; tenho dificuldade em executar. “É só fazer!”, me dizem. Eu me digo! E eu sei que é. Então por que eu travo? Será o medo de falhar? O que significa “falhar”? Eu digo que, puft, não ligo pro que as pessoas vão dizer, então por que fico achando que todo mundo vai descobrir que eu sou uma farsa? E por que no fundo me importo com isso? Talvez seja sobre… e se eu descobrir que sou mesmo uma farsa? Isso significaria que tudo que eu sempre amei, acreditei e me agarrei é uma grande mentira.
E se for longe demais? Como será que é “lá”? Como vai ser se… quando (?) eu chegar? Dizem que quanto mais alto, maior a queda. E te digo, eu sempre detestei a sensação de cair, aquele friozinho chato no estômago. Então eu não quero me soltar. Eu não quero pular no desconhecido, no incerto. Mas ouvi dizer sobre os saltos de fé. É assustador e até angustiante, devo dizer, não saber o que me espera. É a decisão certa? Mas… existe decisão errada? Ou é só mais uma decisão que vai me guiar pro caminho da minha verdade? Como saber?
Quer saber? Só tem um jeito de descobrir…
Além do mais, já dei e daria saltos de fé por tantos, então por que não por mim mesma? Por que me acho menos merecedora? Por que tenho expectativas irreais quando se trata de mim? Por que não me acho boa suficiente? Boa suficiente para que? Para quem? Como se mede isso? Por que eu só não me deixo ser? Eu ia dizer que preciso de coragem, mas, na verdade, tudo o que preciso agora é fechar os olhos e me jogar por confiar no que eu já sei: eu vou estar lá embaixo para me segurar. Como eu sempre estive, só não me dei conta antes, mas agora sei. E isso basta. Se eu me machucar, eu posso me cuidar e me curar. Posso aprender a cair melhor. E sempre posso pular de novo, quantas vezes eu quiser.
Me atrevo até a apostar que posso passar a gostar daquele friozinho na barriga… por estar me arriscando por mim mesma.
Observações da autora: este texto foi escrito em Abril de 2022.
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