A janela está aberta, as cortinas estão fechadas — o vento sopra e faz com que se movam como ondas, aquelas bem mansas. Tudo está quieto. Quem vê não poderia imaginar que outrora tudo era caos. Meu eu interior é o perfeito reflexo de um pós-tsunami. A água veio e levou tudo que era bom. E eu apenas fiquei aqui, quase apática, quase sem forças e quase sem ar, mas a boa notícia é que ainda estou respirando e meu coração continua batendo. Porque sim, deixou destruição, mas também deixou esperança e… a possibilidade de um recomeço. Talvez eu continue deitada com as mãos sobre o imenso buraco em meu peito por mais um instante ou até dois, mas como sempre faço, uma hora, na minha hora, vou me reerguer. E com cada coisinha que aprendi através dos meus erros, decepções, frustrações e toda a dor, farei a minha base. Vou me reconstruir! Mais sólida, mais forte… melhor.
Observações da autora: este texto foi escrito em Setembro de 2017. É sobre a primeira vez que epassei por uma crise de pânico e experienciei sintomas de desrealização. Lembro de acordar assustada no meio da noite, me sentindo mal, com dificuldade de respirar e taquicardia, também não conseguia me levantar. Na verdade, eu olhava ao redor e não conseguia pensar ou sequer processar nada. Foi muito surreal. Eu não conseguia assimilar as cortinas como cortinas, por exemplo, elas realmente pareciam ondas do mar.
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