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METAMORFOSES

Foto do escritor: Bárbara BritoBárbara Brito

Meus sonhos já não são vívidos. Durante minha infância, eu costumava ter uma relação de amor e ódio com a noite por ser sinônimo de lua e de estrelas, mas também de hora de dormir. Quando acabava a novela das nove, eu ia para a cama e começava a suar frio porque tinha um medo tremendo do escuro! Aliás, do que poderia se esconder nele.


Sempre deixava uma luz acesa para intimidar os monstros que ficavam à espreita na janela, dentro do armário e debaixo da cama, mas, infelizmente, os espectros dos monstros de carne e osso do meu cotidiano e, pior ainda, daqueles criados pela minha própria mente (eram desses descarados e irritantemente persistentes), me deixavam alerta até dormir por não aguentar mais ficar acordada.


Eu realmente detestava (todo o processo que é) dormir, mas amava sonhar! Todo mundo tem sonhos, mas sempre fui uma verdadeira sonhadora. Eu já tinha consciência, eu tinha poder, eu tinha controle! Fui agraciada com o dom de Morfeu. Não só escapulia facilmente a luz do sol, sonhando acordada pelos cantos, mas construía as mais esplêndidas surrealidades nos bons sonos, e nelas repousava a ponto de despertar leve como uma mariposa.


Mas agora… meus sonhos estão cada vez mais moribundos.


Dormir tem sido apenas uma longa piscadela, um momento de inexistência, o qual meu corpo tem frequentemente me forçado a ter e eu tenho me forçado a estender. Ainda é uma fuga, mas desbotada e sem encanto… não é nem mesmo um borrão. Acordo cada vez mais vazia e pesada. Podem apagar as luzes, não me importo mais, já estou imersa no breu, o coabito com os monstros, principalmente os meus. Hoje também sou sinônimo de noite, de céu de cidade grande. Estou cercada por um nevoeiro, um emaranhado de pesadelos, mas me agarro ao fato de que, mesmo que não seja tão perceptível, minhas estrelas ainda estão comigo e se mantêm bruxuleando, assim como continuo a me questionar:

Quando é que meus sonhos serão vividos?


Observações da autora: este texto foi escrito em Setembro de 2017. Eu estava cursando a faculdade de Comunicação Social, já no último semestre, fazendo TCC. Sentia uma frustração enorme por estar totalmente voltada para o curso, do qual quase desisti. Estava me sentindo presa e perdida porque me pressionava para decidir minha vida profissional e não sabia por qual caminho seguir. Dentre vários interesses, tinha o sonho de ser escritora de livros infantojuvenis, mas não conseguia escrever,



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